sábado, 25 de novembro de 2006

Sobre o MAR

Hoje fui ver o mar, o meu eterno amigo, ouvinte e conselheiro...e que saudades eu tinha dele...
Foi então que olhei para trás e pensei em tudo o que já passamos juntos, em tudo o que me deu, e em tudo o que eu lhe dei.
Foi então que me lembrei que aqui por casa, algures, andava um caderno velho, com cheiro a mofo, onde estavam alguns poemas e textos escritos á muito tempo atrás, sobre este amigo de sempre, e para sempre, que nunca me defrauda nem ilude...que por muito que m doa, me faz ver a verdade.
Fui buscar esse velho caderno e vou partilhar alguns desses textos com vocês.

MARCANTE PRA MIM
"(...)Aquele garoto que na praia fora concebido
Do vento forte do mar
recebeu a velocidade para cedo ao mundo chegar.
Da amplitude do céu colorido
ganhou o jeito da vida observar.
Da inquietude das ondas do mar
surgiu o espirito polémico e contestador(...)"

CORRENTE
Água da Terra, sangue azul do mundo,
ponte salgada, horizonte que dança
- meu sagrado exemplo de preseverança
e da eternidade de cada segundo

Berço da vida, bálsamo fecundo,
que me amamenta de sonho e balança,
como uma mãe sustenta uma criança
dentro do colo, dentro, lá no fundo.

Tu que és choro da Mãe Natureza,
gozo infinito dos deuses e deusas,
poço em que o sol se refresca e descansa...

Bebe meus rios de riso e tristeza!
Tu que és foz dessa voz que vai presa!
Fonte e represa de tanta lembrança!

CANTO DA MINHA PRAIA
como é bom estar sozinho nesse mar que Deus me deu
onde eu penso em tudo e nada, onde eu sou apenas eu
onde eu sou eu e a água, onde as ondas se levantam
onde eu deito as minhas mágoas, onde as águas cantam

como é bom estar cantando nesse mar que é todo meu
onde a alma calma nada, onde eu sou só eu e Deus
onde eu desço das escadas que os homens inventaram
onde Deus me diz as horas, onde as horas param

hoje o dia está tão lindo, como é bom estar sorrindo
como é bom estar aqui, como é bom poder sorrir
como é bom poder sentir o sol se pôr

o sol me diz as horas, o mar só me namora
e Deus lá fora ora pra que haja mais amor
ao mar

a minha cara cora, o mar quase me implora
mas o Homem ignora o seu valor

o mar mudou de cor e eu já me vou embora
e Deus agora chora pelo mar
pelo Homem não amar...
pelo Homem não há mais amor


PEIXE-AQUÁRIO
eu sou o peixe
que nada, eu sou o peixe
que nada, que nada...
que nada ao inverso, eu sou o peixe

que pesca o universo
que manda pelo avesso
que anda pelo mar sem endereço

que risca esse cenário
que cisca o imaginário
que tudo ou nada sem itinerário

eu sou o peixe
que nada, eu sou aquário
que nada, que é o nada, que é tudo ao contrário

peixe-aquário
fisga o sol, a lua, a luz do céu
signo das águas
na estrela desse mar de mel

que sede, eu sou o aquário
que guarda a natureza
que acorda a correnteza
que quebra e transborda se afogando de beleza

que nada, eu sou a onda
que muda com a maré
que vaza todo o choro, o desespero
e enche a fé

que onda, eu sou a gota
que pinga na loucura
que chove e tanto bate até que fura

eu sou o oceano
atlético e atlântico
pacifico e romântico
sou peixe voador

eu sou o oceano
profundo, profano
sou indico, infinito
indicado pro amor

eu sei, eu sal, eu sou
eu sou, eu vou, eu fui
eu vim, eu sei, eu vim,
eu vi que sim,
eu vi que flui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ah melro!Sabem tão bem as tuas palavras. Inspearávies... deve ser por isso que gosto tanto dele, e como gosto de ti... Beijo