quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

O lobo que há em mim

Hoje uivei.

Uivei como o lobo mais selvagem do planeta uiva para a Lua em busca de conforto e companhia numa noite fria de Inverno...

Uivei como se não houvesse amanhã, como se tudo o resto fosse apenas um sentimento mau que queria apagar da minha memória...

Uivei à procura de algo que não encontrei, mas mesmo assim, continuei e senti que ficava cada vez mais liberto deste mundo...

Uivei em plena harmonia com o mundo natural que me rodeava, lado a lado com o lobo que descubro agora ser eu mesmo, uma projecção de mim no mundo por mim idealizado...

Uivei porque posso e sinto-me leve e feliz quando o faço...

Uivei porque estou sozinho e, tal como o lobo, procuro conforto num qualquer sitio que não consigo atingir.

Hoje uivei... e sou lobo... sou lobo e corro pelos prados, pelos montes, com toda a alegria da liberdade no seu mais puro estado, da loucura controlada de poder fazer tudo quando quero e sem ter de parar por razão alguma! Vi todos os lugares do mundo, cheirei tudo o que havia a cheirar e beijei quem queria beijar... e depois fui feliz, num breve momento, um instante no tempo, mas fui feliz...

Hoje uivei...

Uivei uma vez mais e uma lágrima de felicidade correu-me o rosto como carícia de algodão na mais macia pele...

Hoje uivei...

Uivei à Lua e contei-lhe que sou um lobo, e que fui feliz... e, enquanto escrevo este texto sou capaz de jurar que a Lua me respondeu... sim... ela respondeu-me...

De um lobo adormecido para todos os lobos que, como eu, partilham da descoberta da felicidade... nem que por um momento muito pequenino...

Felro

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